VOCÊ DESTRAVOU O MEU PEITO E EU SEGUREI A TUA MÃO


A minha liberdade era fazer do teu abraço o melhor lugar do mundo.
Mesmo que a nossa vontade fosse tão-somente encontrar no outro as peças certas para encaixar no quebra-cabeça que virou o nosso amor, ainda assim, não tivemos coragem para seguir em frente. Mesmo que tivéssemos superado tantas coisas juntos, preferimos abandonar o sentimento primaveril que nos conectou. Não encontrávamos mais o ponto de partida, a sintonia, o equilíbrio.
A mesma vida que se encarregou de ajustar nossos ponteiros nos levou para caminhos opostos. Era como se houvesse uma desistência consentida de tudo o que já havíamos vivido até ali. E talvez fosse. Ou não. Os encontros não marcados que tanto nos propuseram segundas, terceiras e incansáveis chances, estavam tomando o caminho reverso. E nós, abrindo mão da gente.
O que era meio já estava virando fim e o que antes era fim já estava virando início de novo.Havia uma ambiguidade jamais sentida antes. Nós não éramos mais os mesmos. Aliás, nós não éramos mais, já fazia um bocado de tempo. E isso, o tempo vinha nos evidenciando todos os dias.
Mas, ainda que os desencontros se sobressaíssem diante de toda aquela história, ainda que não tivéssemos estrutura física, psicológica e emocional para lidarmos com o turbilhão que foi o nosso durante, ainda assim, soubemos resgatar a boniteza do que ainda significávamos um para o outro. Da centelha, tomamos impulso. E ali encontramos uma nova possibilidade, sem resistências. Era um estar gratuito. Nos queríamos mais que todos os quereres de antes. E isso bastava.
Sim, atravessamos uma temporada difícil, bem sabemos, um período de desacordos, de atropelos, mas ainda existia muito amor ali. Um amor de par. De mãos, de braços e sorrisos que se queriam perto. E foi isso que compensou todas as intempéries e todas as idas. Foi este sentir – sem medidas proporções – que nos manteve de pé. Acesos.
Não houve combinações ou mesmo ensaios, mas um reconhecimento imediato de que seríamos nós dois. Até o fim. Você destravou o meu peito e eu segurei a tua mão. E, por te enxergar do outro lado, me permiti ir à contramão de tudo o que acreditava. E aquilo foi lindo.
Sinto um orgulho tão grande de vivenciar a nossa relação com os acentos aparados, as esperanças renovadas e a gente evoluindo entre um suspiro e outro. A gente sendo. E a gente é.
via http://amor.ano-zero.com/2015/12/08/segurei-a-tua-mao/