Antes de mais nada, se iludir é o que você faz quando eleva suas
expectativas ao nível de verdades absolutas. Ou seja, se decepcionar é
apenas o terceiro passo diante da queda que plantou para si mesma. No
entanto, não vou negar que é impossível não se imaginar por meio segundo
em uma realidade paralela de abraços e carinhos com alguém que, talvez,
você tenha acabado de conhecer. Sinceramente, sequer me privo de
idealizar por alguns instantes que minha fantasia seja real. Uma garota
pode sonhar, não pode? Mas sempre volto ao chão em passos firmes, já que
com o tempo aprendi que ainda melhor do que se perder nos próprios
planos é ter quem faça questão de se incluir neles. Relacionamentos são
sobre parceria, confiança. E isso resume basicamente tudo em nossas
vidas. Como eu poderia ter o controle de um futuro que a dois pertence?
Por isso, travo uma batalha comigo mesma em que aprendo diariamente a
mudar o que considero inaceitável, principalmente em mim, e abrir mão
do que não me compete, principalmente quanto aos outros. E isso resume
basicamente todas as dicas a seguir.
Se você tem respeito por si mesma desde as menores atitudes, não
precisa se preocupar em como se impor. A reciprocidade é natural. Você
conquistou um patamar de consideração que lhe poupa de discussões
perdidas na tentativa de fazê-lo entender o certo e errado no seu ponto
de vista. Aliás, quando se há respeito até mesmo de quem é a razão
torna-se secundário, mesmo discordando compreendem-se. Isso não quer
dizer que seja preciso aceitar tudo que não faria, mas você aprende a
medir o que vale a pena o bate-boca. Ter respeito por si mesma não é ser
orgulhosa, mas autoconfiante. Você precisar dar o braço a torcer, sim.
Incontáveis vezes, por sinal. Mas nenhuma em que precise se humilhar pra
provar seu lado.
- Ninguém é obrigado a gostar de você.
Algumas vezes, eu julguei um livro pela capa, assim como, julguei um
garoto por suas gírias e suas roupas. Muitas vezes, eu quebrei a cara
quanto a isso, me vi com uma vergonha contida e desesperada de compensar
alguém que eu critiquei (talvez mentalmente) sem que tenha me dado
reais motivos. Outras vezes, eu estive certa por uma feliz coincidência.
Mas em todas elas, eu me precipitei em achar que alguém DEVERIA gostar
de mim porque eu não tinha lhe feito nada, sem me dar conta de que eu já
havia “implicado” com alguém que também não tinha me feito nada!
Pimenta nos olhos dos outros não arde, não é? Acontece que com o tempo
eu percebi que as pessoas que não gostavam de mim faziam com que eu me
sentisse melhor comigo mesma. Isso porque eu não tinha medo de expor
minha opinião, eu não tinha receio em sair com uma roupa que eu achava
que estava linda, eu não temia ser vista com quem tinha “má fama”. Eu
sabia quem eu era, o que as pessoas pensavam sobre o que eu fazia não me
afetava, não me mudava. Então, se isso incomodava tanto alguém a ponto
de não gostar de mim… Paciência. Essa provavelmente era uma pessoa que
não teria nada a me acrescentar. Ainda bem que a vida ensina a gente
como selecionar o que nos faz bem.
Passamos a vida inteira numa busca por nós mesmos feita de altos e
baixos, medos e delírios, apelos e saudades. Nos contradizemos, nos
decepcionamos com nossas próprias atitudes. Eventualmente, fazemos algo
tremendamente errado e que nos arrependemos pela primeira vez. Isso
acontece porque estamos em constante transformação. Nossos gostos mudam
com o passar do tempo, nossas manias, nossos sonhos, quem dirá, nossa
personalidade! A única certeza sobre nós é que somos completamente
mutáveis, flexíveis e adaptáveis. E, ao longo dos anos, descobrimos que
também somos muito mais fortes do que jamais imaginamos, que sempre
estivemos prontos pro maior desafio da nossa jornada e sequer sabíamos
disso. É quando nos superamos, damos a volta por cima e assumimos nossos
erros como aprendizados que percebemos quem nos tornamos. Até mudarmos
de novo. Se isso acontece diariamente com nós mesmo, como podemos
conhecer os outros? Algumas coisas são fases, outras, traços de
personalidade. Identifica-las denota tempo, mas sobretudo, paciência.
Talvez dentre essas mudanças, um casal muito acostumado ao comodismo, se
perca, se confunda. Mas só quando aprendemos a nos adaptar é que
verdadeiramente nutrimos um amor sincero por alguém. Pessoas mudam por
elas mesmas, quando lhes convém, e às vezes até sem perceber. Não
podemos determinar como e quando alguém vai mudar, só torcer que seja
devido a nossa influência, ao nosso apoio. Mude com a gente, e não pela
gente.
- Não espere que alguém seja quem você pensa que é.
A gente leva umas boas bofetadas na cara até entender que, na maioria
das vezes, o problema não estava em quem nos decepcionou, mas em quanto
acreditávamos no que dizíamos sobre alguém. Uma coisa que ninguém lhe
diz é que não podemos medir a interpretação dos outros quanto as nossas
melhores atitudes. Conflitos se fazem justamente por causa do
desencontro de informações, da supervalorização de atitudes pequenas,
das nossas malditas entrelinhas. Vivemos por achar que lemos mentes, que
entendemos melhor do que ninguém as mensagens subliminares. E pior,
ainda acreditamos que é inocência crer que algo simplesmente seja o que
demonstra ser. A gente tem que complicar, a gente tem que ver um sentido
mais profundo em tudo. A questão é: seja o melhor que puder de si
mesmo, sempre se pondo no lugar dos outros, e torça pra que eles possam
ver em ti, pelo menos, essa força de vontade em fazer dar certo. Porque,
honestamente, ninguém vai compreender tuas boas intenções tanto quanto
você e argumentar sobre isso é uma tremenda perda de tempo, mas estamos
todos no mesmo barco. Estamos todos tentando nos consertar de alguma
forma, então, a força de vontade é que realmente deve ser valorizada.
Independentemente de quais sejam seus motivos pra sentir-se
amargurado ou cansado de tentar, lembre-se que todo mundo está passando
pelo mesmo sentimento nesse exato momento. Isso não é uma competição
sobre quem sofre mais, quem merece mais piedade. Isso é simplesmente a
vida. Todo dia, todo mundo enfrenta suas próprias batalhas, vence seus
medos, idealiza seus sonhos. Cada qual com a proporção que suporta levar
nas costas. Ainda que ao ouvir o desabafo de alguém você ache
absurdamente irrelevante, entenda que falar “mas tem gente passando
fome” não vai fazê-lo sentir-se melhor. Só ele sabe onde seu sapato
aperta. O melhor conselho que eu posso dar é: seja gentil com as pessoas
pra que elas tratem os outros da mesma forma. Não podemos ajudar o
mundo inteiro, é claro. Mas podemos ajudar uma pessoa e ela pode querer
ajudar outra, e no final das contas, todo mundo se ajuda.
via: bendita cuca