*Dolane Patrícia
Nada justifica um estupro!
Forçar alguém a ter relações sexuais contra sua vontade, é no mínimo, uma atitude covarde!
Assim, quando uma conduta como essa é praticada por 33 homens contra uma mulher e ainda aparece alguém para colocar a culpa na vítima, fica bem clara a cultura do estupro.
Houve quem acreditasse que as vítimas eram os estupradores, porque “se ela estivesse em casa lavando pratos, isso não teria acontecido”...
Houve ainda quem culpasse a adolescente porque no mínimo estava com uma saia curtinha...
Estupro é crime hediondo e a culpa nunca é da vítima! Mas existem aqueles que acreditam que a mulher é a única culpada. No entanto, como diz Albert Einten: “Grandes espíritos sempre encontraram oposições violentas de mentes medíocres.”
Na verdade, “o estupro é... um processo consciente de intimidação através do qual todos os homens mantêm todas as mulheres debaixo do medo.” É o que afirma Susan Brownmiller, e é o conceito mais próximo que se chega dessa conduta absurda, praticada por mentes doentesI
Uma adolescente de 16 anos foi violentada por 33 animais selvagens. Mas é injusto chama-los assim, porque os animais merecem nosso respeito!
Não se contentando em apenas estuprar a vítima, os estupradores ainda fizeram um vídeo e publicaram nas redes sociais. Rapidamente se espalhou em todo país, viralisou e foi amplamente compartilhado. Os internautas não estavam preocupados com o fato de que, compartilhar esses conteúdos é considerado crime.
De acordo com a lei brasileira, divulgar e compartilhar fotos ou vídeos de conteúdo pornográfico ou erótico envolvendo crianças ou adolescentes é crime, com pena prevista entre quatro e oito anos de prisão.
Os vídeos foram parar na internet oculta, onde os responsáveis são mais difíceis de identificar. São redes onde circulam também vídeos de pedofilia, pornografia e abusos sexuais.
No vídeo, alguns estupradores se vangloriavam, tirando fotos junto ao corpo nu da vítima e pousavam para a filmagem como se estivesse acabado de praticar um ato heroico.
Se não bastasse o trauma de ser estuprada por mais de 30 homens, ter sido amplamente exposta nas filmagens por toda rede mundial de computadores, ainda teve de conviver com a acusação de que era a culpada do estupro que abalou o país.
Jornais como o "The Times of India", dentre outros, destacaram que o crime contra a menor brasileira aconteceu a menos de dois meses do início das Olimpíadas. A inglesa "BBC News" afirmou que a divulgação do vídeo com o estupro coletivo da adolescente chocou o país e provocou uma campanha contra a cultura do estupro nas redes socais. OGLOBO
A reportagem também lembra que o grupo UN Women, das Nações Unidas, divulgou na quinta-feira um comunicado condenando o crime e pedindo a investigação. OGLOBO
O Reino Unido e a Espanha também se pronunciaram, dentre outros países e divulgaram também índices de violência de estupro no Brasil: "Ocorre uma violência (sexual) a cada 11 minutos, segundo o 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, cujos dados mais recentes são de 2014".
Se não bastasse toda violência sofrida, a vítima do estupro coletivo teve que conviver com a desconfiança do delegado que não acreditava nela e nem na existência do estupro.
Durante uma conversa num grupo de WhatsApp, obtida pelo EXTRA, o delegado Alessandro Thiers, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), desqualifica a jovem ao denunciar o estupro coletivo a ele. No texto, o policial - afastado do caso neste domingo, após um pedido da então advogada da vítima, Eloisa Samy - afirma que não houve estupro.
Foi afastado do caso! Talvez se fosse alguém de seu convívio, tivesse dado um pouco mais de crédito a vítima.
A investigação passou a ser conduzida pela delegada Cristiana Bento, que considerou ser o vídeo, prova suficiente da ocorrência do estupro.
Entretanto, quando saiu o exame de corpo delito e não havia sinais de violência, foi suficiente para se ouvir o coro: “Não falei que não havia estupro nenhum!”
Mas, o laudo pericial foi prejudicado por causa da demora da vítima em fazer o registro na polícia e o exame de corpo de delito. O exame foi realizado no dia 25 de maio, quatro dias após o crime.
Um dos jovens suspeitos afirmou que a gravação é uma farsa, e que a adolescente criou a história do abuso coletivo para escapar de uma possível punição dos pais, que são praticantes religiosos.
De acordo com informações do jornal Extra, os homens do vídeo chegam a dizer que a menina estaria grávida de mais de 30. Ele faz comentários pejorativos. Uma foto postada em uma rede social mostra um dos suspeitos com a língua para fora, ao lado da vagina da moça. Ele diz que abriu um "túnel" no local. Durante o momento do fato, a jovem estaria desacordada.
Mas ela não era a culpada?
O vídeo foi compartilhado no Twitter por um brasileiro identificado na rede social como Michel e gerou revolta e mobilização na internet.
Segundo noticiado vastamente pela imprensa, o vídeo mostra em detalhes os seios e os órgãos genitais da garota, cercada de homens que diziam claramente tê-la estuprado coletivamente. Na legenda, Michel escreveu: "Amassaram a mina, intendeu ou não ou não intendeu? Kkk" (sic). Um internauta que compartilhou as imagens afirma que a vítima teria sido estuprada por 30 homens.
O chefe da Polícia Civil do Rio, Fernando Veloso, tem a seguinte opinião. "As imagens retratadas no vídeo mostram mais de uma voz, fazem narrativa do estupro acontecido antes. Ele toca e manipula a jovem, que parece estar desacordada. Este ato é um estupro. Este estupro está evidenciado nas imagens.
É uma conduta covarde que precisa chegar ao fim!
Às vezes a cadeia parece que não é o bastante... É assim que pensa até mesmo os presidiários...
“O maior medo dos homens na prisão, é de serem estuprados, imagina só se eles soubessem que esse é o maior medo das mulheres, o tempo todo!”
Eu luto pelo fim da cultura do estupro!
Advogada, juíza arbitral, personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira. Twitter: @DolanePatrícia_ Facebook: Dra. Dolane Patricia. #dolanepatricia. You Tube: Dolane Patricia RR