Eu nem imaginava que, de festa em festa, iríamos nos envolver. Nem sabia que, de gole em gole, um dia iríamos dividir o mesmo copo. Nem pensaria que, de uma amizade de balada, passaríamos a ter uma amizade do dia-a-dia. Por isso tudo, te juro, nem esperava.
Nos esbarramos na mesma faculdade, no mesmo horário, mesmo grupo de trabalho e, quando fui ver, você já fazia parte do meus planos, dos meus dias, dos meus interesses. O tempo passou tão depressa ao seu lado que, quando fui abrir o olho, já estava chamando de amor sem notar. Foram quase dois anos nesse chove e não molha, fica mais não fica, gruda e desgruda, mas cada um com aquele medo e receio de tentar arriscar algo sério, afinal, ambos já teriam passado por tantas coisas no passado que o medo foi o que nos impediu de viver o presente.
E eu gostava tanto dela, cara, que não poderia jogar isso tudo fora, ou abrir mão, abandonar tudo como se nada tivesse acontecido. Eu já a conhecia tanto, cuidava tanto que, até o filho dela, que eu considerava como um anjo pra mim que fazia parte da minha vida, eu não podia deixar de lado. Estávamos grudados em coração. Ninguém forçou em nada. Simplesmente aconteceu porque tinha de acontecer. Mas por descuido meu, ou, descuido em ambas das partes, nos perdemos.
Eu, às vezes, meio paranoico, de cabeça quente, acabei fazendo merda. Mas ela também é foda. Não posso levar toda a culpa sozinho. Mas não é defeito meu, e sei também que nem é defeito dela. Preciso entender que é só o nosso jeito de ser. E, por um triz, quase foi o meu amor. E, por descuido, estamos de novo na balança da paixão: ninguém sabendo de mais nada e nem o que somos um para o outro. E eu também nem sei o que vai ser daqui pra frente. Mas acredito que, se existe amor, volta. Se não existir ou nunca existiu, vai embora num piscar de olho. Mas espero. Conto os dias. Não tenho pressa. Pois sei que com ela, e por ela, vale a pena. Nunca fui de desistir tão fácil daquilo que eu quero. E não vai ser dela que vou abrir mão.