Paz no mundo… e também na minha casa


A festa à fantasia e o delicioso almoço com meus amigos e meus filhos foram muito especiais. Mas, ao voltar para casa e ver meu marido – que não tinha ido conosco – trabalhando ainda em seus projetos, me senti magoada.
Ele deveria ter estado conosco. Os demais pais e maridos estavam lá, mostrando aos seus filhos a importância da presença paterna, comemorando em família. É verdade que havíamos conversado sobre a impossibilidade do meu marido de estar presente, mas mesmo assim me senti mal.
Eu não conseguia curtir a bondade que via nessas outras famílias sem sentir a necessidade de culpar alguém porque nossa vida não se parecia com a deles. Então comecei a discutir com meu marido, usando palavras que lhe fizessem se sentir culpado.
Mas como eu já havia passado por este ciclo antes – de sentir-me profundamente insatisfeita com a minha vida por não ser como eu imaginava que deveria ser – conhecia o processo suficientemente bem para identificar o que me faz explodir.
O que incita esta violência no meu coração? O que me leva a descontar minha insatisfação nas pessoas a quem amo? Isso acontece quando me afasto da realidade que Deus planejou para mim; quando imagino que, de alguma forma, a família à qual Ele me destinou e o particular caminho redentor que cada um de nós percorre, é todo um tremendo e irritante erro.
A violência me inunda – em minhas palavras e atos – quando coloco em dúvida a soberania de Deus sobre a minha vida e quando começo a redesenhar o que me cerca de acordo com as minhas preferências.
Ultimamente, estive pensando na Encarnação, em especial à medida em que se aproximava o Natal; em como a Palavra se faz carne através das Escrituras e da Eucaristia; e em como, em um nível mais modesto, mas também muito profundo, as palavras que pronuncio e as palavras que recebo dos outros têm um impacto físico na minha vida. As palavras que dirigi ao meu marido naquela noite criaram uma divisão palpável em nossa relação e entre nossos filhos.
Ao seguir minhas más tendências, consegui, dentro do microcosmos que é nossa própria família, o oposto daquilo que eu realmente queria: que o Reino de Cristo preencha a vida das pessoas a quem amo, que nossa família encarne sua Palavra e seja sua Igreja. Me peguei desejando a paz na terra, mas criando divisão no meu próprio lar.
Se eu pudesse receber tudo o que me acontece, cada palavra severa, cada decepção, cada luta, cada inconveniente, como alimento celestial de Deus para mim, talvez então tudo isso não se tornasse cinzas na minha boca.
Se entrego minha vontade a Deus, assim como Maria fez, permitindo que “se faça em mim segundo a tua palavra”, o Reino da Paz certamente chegaria muito antes e mais frequentemente para fazer sua morada entre nós.