O OUTRO LADO DAS OLIMPÍADAS


Como tudo na vida, as Olimpíadas tem dois lados. Um já falado, com sua estrutura monumental, tendo o Rio de Janeiro como foco do mundo, durante o maior evento esportivo de todos os tempos.
Não se pode negar que “são muitas emoções” e dentre elas, podemos destacar momentos marcantes na conquista por medalhas.
O G1 narrou de forma emocionante um desses momentos:
“Era a noite de um menino de 22 anos que foi abandonado pela mãe, criado pelos avós, que deixou o país há um ano e meio para treinar na Itália”. Passou de garoto abandonado pela mãe, a herói nacional! Thiago Braz conquistou a medalha de ouro nos Jogos do Rio. É o campeão olímpico do salto com vara, com a melhor marca da carreira, 6,03m, recorde olímpico!
Foi um momento emocionante para quem estava no estádio e para as pessoas no mundo inteiro que possuíam TV ou rádio e estavam sintonizadas nas olimpíadas Rio 2016.
Ele roubou a noite!
Mas esse não foi o único momento emocionante. As Olimpíadas na verdade, significam “duas semanas que valem por quatro anos”.
É importante destacar também, as medalhas de prata e bronze conquistadas na ginástica artística masculina.
De forma emocionante, Diego Hypólito levou a prata no solo, enquanto Arthur Nory ficou com o bronze. Diego nunca havia conquistado uma medalha olímpica. Até então, a única da ginástica brasileira na história dos Jogos havia sido o ouro de Arthur Zanetti nas argolas, nas Olimpíadas de Londres. Nos Jogos do Rio de Janeiro, Arthur Zanetti conquistou a medalha de prata no aparelho que o projetou ao mundo.
Outras medalhas não menos importantes, foram conquistadas por brasileiros nos Jogos Olímpicos do Rio e essa conquista arrancou suspiro de muitos. É realmente uma emoção muito grande, não se pode negar que é muito importante investir no esporte!
No entanto, existe o outro lado, a realidade do povo brasileiro. 
Para que tantas emoções fossem sentidas, houve um custo aproximado de R$ 36,7 bilhões. 
O site maiscuriosidades.com, destaca que “as organização das olimpíadas vai muito mais além do que escolher os locais das competições ou mesmo organizar a vinda e ida dos atletas. O evento está sendo realizado em outras capitais do Brasil: Rio de Janeiro, Manaus, Belo Horizonte, Brasília, Salvador e São Paulo.”
Ainda segundo o site: “Na frota oficial do evento estão envolvidos pelo menos 5 mil carros e 1.600 ônibus, que devem rodar cerca de 26 milhões de quilômetros durante a realização dos jogos e competições. Falando em números, a tecnologia é extremamente importante e nas olimpíadas 2016 estão sendo usados cerca de 16 mil celulares e 12 mil computadores entre os organizadores e participantes do encontro mundial.” (sic)
O site ainda destaca que: “são mais de 70 mil voluntários distribuídos nas cinco capitais que receberão o evento. Pelo menos 204 países devem ter seus representantes em solo brasileiro para participar das olimpíadas, formando um time total de mais de 10 mil atletas. Nas paraolimpíadas, o número cai para 174 países e 4.350 competidores.”
De acordo com o site geobrmundo.blogspot.com.br: “as Olimpíadas custaram 36,7 bilhões, sendo que 15,2 bilhões saíram dos cofres públicos, e 58,58% do comitê olímpico e iniciativa privada, o que equivale a 21,5 bilhões.” Informa também que: “Somando a Copa do Mundo (25,6 bilhões) mais Olimpíada (36,7 bilhões) chegamos a um valor simbólico de 62,3 bilhões de reais, deste montante, 58,7% foi custeado pelo governo e 41,3% pela iniciativa privada. Assim, ainda segundo o site “este 58,7% investido pelo governo para os eventos, equivale a um montante de 36,6 bilhões de reais.” GEOBRMUNDO 

“O que poderia ser feito com esses 36,6 bilhões? 406.666 Casas populares (no valor de 90 mil), 366.000 Viaturas policial (no valor de 100 mil), 203.333 Cursos de medicina (Com uma mensalidade de 3 mil), 183.000 Ambulâncias (no valor de 200 mil), 48.800 Escolas públicas (supondo que cada escola custe 750 mil), 2.614 Hospitais (supondo que cada Hospital custe 14 milhões), 176 reais para cada brasileiro, 4 meses de salário para todos os professores do Brasil.”GEOBRMUNDO 

O site diariodobrasil.org faz uma análise básica, com dados pesquisados pela internet: 

“A construção de uma escola (com 20 salas) custa em média R$ 5,2 milhões, um hospital (de grande porte) R$ 23 milhões, cada quilômetro de linha de metrô custa R$ 240 milhões e uma casa popular aproximadamente R$ 60 mil.”
E continua: “Com o dinheiro aplicado na Rio 2016, o país “poderia” ter construído:611.666 casas populares ou 152 quilômetros de
metrô ou 7057 escolas públicas ou ou 1595 hospitais […], Aproveitemos a visibilidade da Rio 2016 para pressionar o governo para as inúmeras reformas que estão engavetadas no Congresso, tais como: tributária, política, trabalhista e etc.”
A maior de todas as verdades, é que a emoção das Olimpíadas é impagável, no entanto, a alegria de ver a saúde do nosso país funcionando, seria uma emoção muito maior.
Existem pessoas morrendo nos hospitais por falta de atendimento, de remédios, de recursos. A saúde no Brasil está falida! Essa é a vida real. A realidade por trás dos bastidores das Olimpíadas 2016.
O Brasil possui professores remunerados de forma injusta, uma educação precária, uma segurança que dispensa qualquer adjetivo, porque a realidade fala por si.
Muitos se defendem dizendo: “Não pode haver desvio de verbas, verba para esporte é para esporte”. Contudo, a conta das Olimpíadas vai chegar e pode apostar que quem pagará será o trabalhador, que não teve o direito de dizer quais são as suas prioridades.
Tudo isso porque, falar de saúde é falar de vida. Falar de segurança é falar de sobrevivência.
O que é prioridade? Não é saúde? Nem educação e segurança? Então está na hora de rever as prioridades.
Estádios perfeitos, prédios construídos para jogadores, enquanto brasileiros não tem onde morar, ou moram em favelas cercadas pelo tráfico.
Se tem dinheiro para as Olimpíadas tem que ter dinheiro para políticas públicas! Isso que é difícil entender. Porque do nada aparecem
bilhões, mas para as necessidades básicas de um povo que trabalha, falta verba para tudo?
Assim sendo, a TV mostra para o mundo um País com uma maquiagem, é uma dura realidade, mas que precisa ser revelada.
Os gastos com as Olimpíadas foram altos, o povo brasileiro chora na calada da noite, por falta de emprego, de alimento, de dignidade...
Muitos atletas são desafiados pela vida desde que nasceu, como no caso de Thiago Braz, que superou a dor do abandono. Por dias, ele ficou esperando a mãe com a sua mochila nas costas. Ela nunca veio... Mas ele não desistiu e se tornou o melhor do mundo em sua modalidade.
O esporte faz isso na vida das pessoas.
Mas estamos falando de uma única pessoa! É preciso pensar também na dignidade do povo brasileiro fora do espaço olímpico, porque, “toda vez que um ser humano sofre por falta de dignidade, toda a humanidade se torna indigna.”

*Advogada, Juíza Arbitral, mestranda em desenvolvimento Regional da Amazônia. Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira - email: dolanepatricia@gmail.com #dolanepatricia.