Um fio gigante de saudade

Você pode ler ouvindo Home, Daughtry

Um provérbio chinês diz que pessoas destinadas a se encontrarem estão conectadas por um fio. Esse fio pode se esticar, se enrolar, envelhecer, mas nunca romperá. Li isso outro dia e tudo fez sentido. Lembrei de nós. 

Lembrei de toda aquela angustia. Lembrei de quando tentei não lembrar. Lembrei do seu sorriso estranho. Lembrei que o seu jeito de sorrir me irrita, a forma como você ri delicadamente, sem abrir muito a boca. A forma como isso me deixou encantada. A forma como eu quis, sem sucesso, tentar decifrar o motivo dele. Queria que fosse eu.

Encarei os fatos. Tive que encarar, foi preciso. Nós estávamos destinados. Nós fomos conectados por um fio. 

É estranho, porque é como se o tempo tivesse parado desde que você se foi. Três anos se passaram, mas pra mim não se passaram nem três minutos. Ainda te sinto aqui. Ainda sinto sua mão na minha. Ainda vejo o seu sorriso. Eu me lembro de tudo e mais um pouco, infelizmente. Crio histórias inexistentes na tentativa de preencher o vazio que tua presença ausente me causou. A história que eu crio é feliz assim como o teu sorriso naquela noite de sábado. 

Mas eu tenho uma dúvida: quantos metros de distância esse fio aguenta? Você tá tão longe. Será que ele te traz de volta? Será que se eu puxar, bem forte, você vem? Se a resposta for sim, eu faço toda a força necessária pra te ter aqui comigo. 

Eu não quero um fio gigante. Eu quero pequenos centímetros. Eu quero você perto, se possível, do meu lado. Quero poder olhar de novo nos seus olhos pretos refletindo o meu rosto. Quero odiar mais um pouquinho o seu sorriso esquisito. Quero uma nova chance de agradecer esse destino que te trouxe pra mim. Mas que depois levou pra longe. 

Eu sei, amor. Numa próxima vida nós iremos dar certo. A sua alma vai encontrar a minha. A gente vai se conhecer de novo. Se amar de novo. Se odiar de novo. Se afastar de novo. E no fim, tudo vai se repetir. Aquele velho ciclo, sabe? 

Eu não sei se esse provérbio é verdadeiro. Eu não sei se eu acredito. Ou se você acredita. Mas a minha velha mania de te querer por perto, me obrigou a acreditar. Porque eu me recuso, eu não aceito, te perder pra sempre. Eu sinto que não perdi. Você ainda tá aqui dentro. E eu tô aí dentro. 

Será que almas gêmeas podem se ouvir? Se puderem, eu gostaria de te dizer uma coisa: Me espera. A gente vai se reencontrar. Me espera, eu sei que não parece, mas meu coração ainda é seu. Eu to chegando aí. Me espera. Não encontra um novo amor.