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Velhas portas não abrem novos caminhos.


A cada novo relacionamento surge também uma nova oportunidade de aprendizado, mas a impressão que você tem é que lida sempre com a mesma situação, que só mudam os personagens, mas o enredo continua o mesmo. E, pior, antes mesmo de tentar já prever um final tão ruim quanto os outros foram. Ou ainda, depois de tanto se frustrar, sobrecarrega o outro com suas inseguranças ou expectativas. Que tudo aquilo que já passou, tendo sido bom ou ruim, lhe sirva para pôr os pés no chão, mas não para ditar seu recomeço. Tem gente que vai passar, que só entrou em sua vida porque encontrou uma porta aberta, mas não vai permanecer para mais que um café. E tem gente que está disposta a dividir a cama e um romance e só precisa que você dê uma chance. À primeira vista, você não tem como saber quem são, portanto, se apegue a certeza de que se surpreender é melhor do que se 
decepcionar.Muitas vezes, sua ânsia por um final feliz confunde seus passos na jornada. Cada qual tem seu tempo, se envolve à sua maneira. Alguns são do tipo efusivos, outros são efêmeros, outros ainda, se arrastam, perdem a hora. Mas a verdade é que ninguém tem o direito de impor quando uma relação deve evoluir. Esse é um assunto para ser discutido porque tem que fazer bem aos dois. Do que adianta que um esteja satisfeito enquanto o outro se sente empurrando com a barriga? Você não pode obrigar alguém a gostar de ti, forjar um sentimento pra se sentir bem consigo mesma. Para ser respeitada, em que, acima de tudo, respeitar o tempo dos outros também.


Você determina o tempo exato em que acha que a relação deva evoluir, sem se dar conta de que o fuso horário de vocês pode estar desalinhado. Quer alguém que lhe faça bem, lhe paparique, lhe respeite, tenha paciência e consideração nas horas vitais, mas quantas vezes já se perguntou se anda fazendo sua parte? Entender o que sentimos pelos outros é parte do mistério insolúvel que é se relacionar. A gente busca a resposta do que tememos perguntar a nós mesmos: até onde iremos por amor? Nem todos aqueles que procuram ter estão dispostos a dar. É preciso mais do que vontade pra fazer dar certo.
Caso lhe faça mal esperar uma iniciativa, tome uma atitude. Repense se vale a pena insistir ciente do risco de se envolver cada vez mais ou se não chegou a hora de partir de uma vez. Ninguém pode determinar o que é melhor para você, no entanto, ninguém pode também ser responsável por te fazer o melhor. Às vezes, a gente procura nos outros o que não encontra na gente. Mas é uma busca infindável porque ninguém vai saber nos dar o que precisamos. Talvez nos dê o que queremos, mas com tempo, o querer vai se provar insuficiente. Você não pode ter medo da solidão, tampouco, travar uma batalha contra o tempo. Acostume-se consigo mesmo. Afinal, como amar alguém que não suporta a própria companhia? Mas, acima de tudo, lembre-se que o amor não é egoísta. Quem segue esse caminho vai pela direção errada e, por isso, qualquer relacionamento se torna sem saída.

Fica com quem te ache interessante, mesmo quando não for mais novidade


Somos movidos por alcançar o que ainda não temos, por chegar aonde nunca fomos, por sentir o que nos é novidade. O novo atrai, desperta interesse, fascina, no sentido de que se incomodar com o cômodo é o que move a renovação dos sonhos e esperanças do movimento contínuo das vidas. No entanto, dentro de nós, há necessidade de mantermos algumas permanências que nos sustentam o equilíbrio e a serenidade com que devemos pautar nossa jornada diária.
Alguns sentimentos, emoções e determinadas pessoas devem ter um lugar permanente em nossas vidas, mesmo que mudemos para outros lugares, mesmo que partamos para novos projetos, mesmo que o mundo lá fora nos intime a experimentar algo novo e supostamente melhor. Sempre será necessário voltarmos os olhos para dentro de nós, para nos certificarmos de que muito do que já faz parte de nossa jornada, do que temos conosco, é imprescindível ao nosso respirar com alento e serenidade.
Da mesma forma, teremos que prestar atenção ao que realmente significamos na vida de alguém a quem nos entregamos, para percebermos se somos prioridade na vida do outro. Não no sentido de que ele deva nos idolatrar acima de tudo, mas sim se os seus olhos nos procuram com necessidade íntima, se somos parte integrante em suas lembranças, se nossas mãos se entrelaçam com calor humano em momentos de ternura vívida.
Assim como temos que regar e alimentar os nossos sentimentos para com as pessoas, é necessário que sintamos a mesma atitude por parte do outro, pois nenhum relacionamento sobrevive de um lado só. Aguardarmos o dia todo por alguém que mal chega ao nosso lado e não tira os olhos do celular, da televisão ou de dentro de si nos destitui de quaisquer traços de significância, de dignidade, de valor próprio.
Não deixemos ir embora quem esteve ao nosso lado sob chuvas e trovoadas, quando ninguém mais havia ao redor, quem sempre achava um jeito de nos trazer um sorriso, de nos levantar os ânimos, de nutrir admiração real. Mas também não deixemos ficar junto quem não faz a menor questão de estar ali, quem não demonstra um mínimo de consideração por tudo o que fizemos, por nada do que somos. Que vá embora quem fica sem estar de verdade.
Fiquemos com quem dorme e acorda ao nosso lado notando a nossa presença, pois, caso insistamos em permanecer onde predomina o vazio, acabaremos nos afastando de qualquer chance de realizarmos os nossos sonhos de vida. Ninguém, afinal, há de merecer perder-se no vazio de uma entrega solitária, pois sempre encontraremos alguém a quem seremos interessantes ao longo do tempo, sem desculpas, sem demoras. É aí que deveremos, então, estacionar a nossa alma.
Escrito por Marcel Camargo, colunista do Sábias Palavras.
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